Arte afro cubana e Grupo Antillano
Em um país com tanta diversidade racial quanto Cuba, é surpreendente que, por muito tempo, a arte afro-cubana não tenha sido vista como desejável. Após a revolução, a Santeria e outras práticas religiosas e culturais africanas foram consideradas primitivas e contra-revolucionárias. Foi o que aconteceu sobretudo na década de 70, num período de severa censura em todos os domínios da vida artística e cultural da ilha.
Em 1978, um grupo de artistas se rebelou contra a censura do estado e formou um coletivo de arte com o nome de Grupo Antillano. Embora o grupo tenha atuado por apenas cinco anos, ajudou a estabelecer a arte afro-cubana como parte da identidade nacional. A maioria dos integrantes do grupo eram pintores – Adelaida Herrera Valdés, Julia Valdés, Manuel Mendive, Leonel Morales, Miguel Lobaina, Ever Fonseca, Clara Morera, Manuel Couceiro Prado, Arnaldo Rodríguez Larrinaga, Pablo Toscano Mora, Miguel Ocejo, e escultores – Herminio Escalona Gonzales, Rogelio Rodríguez Cobas, Ramón Haití, Rafael Queneditt Morales, Alberto Lescay Merencio, Oscar Rodríguez Lasseria, com Esteban Ayala Ferrer trabalhando principalmente em design gráfico. A principal força motriz deste coletivo de artistas foi Wilfredo Lam, um pintor de renome mundial de ascendência africana e chinesa. A primeira exposição do Grupo Antillano foi realizada em setembro de 1978 na Galería Centro de Arte Internacional, com mais sete a seguir no mesmo ano. Nos quatro anos seguintes, o grupo expôs em Cuba e internacionalmente. Pouco depois da morte de Lam em setembro de 1982, o Grupo Antillano deixou de existir como coletivo de artistas e sua última exposição coletiva foi uma homenagem a Wilfredo Lam em setembro de 1983.
Uma exposição retrospectiva sob o nome “Drapetomanía: Grupo Antillano e a Arte de Afro-Cuba”, com curadoria do professor de Harvard Alejandro de la Fuente, inaugurada em Santiago de Cuba em abril de 2013, seguiu para Havana em agosto do mesmo ano, na primavera de 2014 será exibido em Nova York, no outono de 2014 em São Francisco e na primavera de 2015 na Universidade de Harvard. Além de apresentar obras de membros originais do Grupo Antillano, a exposição também inclui obras de uma geração mais jovem de artistas que compartilham as mesmas preocupações dos membros originais – questões de história, identidade e raça. O grupo de artistas contemporâneos convidados a participar desta retrospectiva inclui Belkis Ayón, José Bedia, Eduardo Roca Salazar (Choco), Juan Roberto Diago, Douglas Pérez, Elio Rodríguez Valdés, Alexis Esquivel, Andrés Montalván Cuéllar, Santiago Rodríguez Olazabal, René Peña, Marta María Pérez Bravo e Leandro Soto.
Todos esses artistas – os membros originais do Grupo Antillano, bem como artistas afro-cubanos contemporâneos, estão ajudando a promover esse importante aspecto da identidade nacional cubana, nas artes visuais e na vida cotidiana. Através de sua arte, muito influenciada pelas raízes africanas de muitos cubanos, eles nos mostram a essência do ser único e em constante evolução Cubanidade*.
* Um conceito que surgiu na década de 1920 para explicar o povo multicultural e multicolorido de Cuba.